terça-feira, 14 de abril de 2009

Antes, durante e depois? Alguns homens da minha vida. Onde está a verdade

Primeiro foi o Kotler, ele habitava em minha vida e eu só pensava nele e em identificar necessidades existentes para satisfazer desejos. Com o tempo fui descobrindo que necessidades também poderiam ser criadas. Foi aí que eu criei em mim a necessidade de estar mais próxima do teatro. Então conheci Stanislavski e me apaixonei mais uma vez. Tudo fazia sentido, fui criando a genealogia do personagem e refletindo sobre o “se”. Depois apareceu o Brecht e todo seu distanciamento. Fiquei na espreita, observando o que acontecia. Depois veio o Kusnet, o Barba, o Ferracini.... e no decorrer da observação surgiu a proposta do projeto Tutorial e com ele, o Lehmann, o Flusser, o Dominic Merci.... e de quebra, uma mulher, Pina Baush.... Ah... também tinha a Michele ma-ra-vi-lho-sa Navarro, o Carlos, o Daniel e o Jonas....
Ali eu fui conhecendo um pouquinho mais sobre o pós dramático, o pós apocalíptico. Tudo fazia sentido e não fazia... e eu gostava da idéia de ter tutores. Me apaixonei mais uma vez e aos poucos fui compreendendo a proposta da não representação. No início deu medo, porque era para não ser dramático e tudo parecia muito dramático e no cabeção... ou então, nada tinha tônus, era pequeno.... depois eu fui relaxando.... deixando fluir.....
Era bacana a idéia de não ter um diretor, as minhas escápulas sorriam e eu pensava no poder da rainha e no acetábulo do fêmur.
Nas terças matinais era assim: o círculo neutro, a poesia entre, o aqui agora....
Em outro teatro, em outro grupo, eu deveria estar compondo meu personagem, desenhando seu rosto num papel.... e me dava preguiça. Enquanto no Sérgio Cardoso eu estava me divertindo com diferentes formas de comer banana e pensava em imprimir o texto nas costas.
Tudo parecia fora do eixo, fora da ordem... e tudo estava ali, ao mesmo tempo.
Os dias foram passando... a estréia estava marcada e a obra não estava acabada....
Tensão, sus-pen-são.
Mas quem disse que uma obra fica acabada??
E eu fico pensando no ponto de vista radical da performance, que é o suicídio em público, sem nenhum compromisso com qualquer teatralidade, uma experiência radicalmente real, atual e irrepetível.... e pensando nisso... questiono as nossas marcações.... será que tanta coisa tenha que ser marcada??? Sim, o diretor aparece ás vezes na figura do ator que tem medo do caos... Mas como organizar o caos? É possível?
Depois? .... Muitos já disseram que a Deus pertence.....
Que Deus?
“Procureis a verdade e ela vos libertará...”
Que verdade?
Dentre muitas eu escolho a dança no espaço, a prática mais do que a teoria, o corpo como objeto, como material significante...
O corpo que não tem mais paciência de ir ao teatro e ver tudo pronto, com propostas que querem mais te iludir do que te convidar para pensar.
Tenho gostado mais de assistir dança.
Tenho procurado a dança em minha vida.
Continuo insatisfeita
Não quero cagadores de regra, não quero diretor, não quero aqueles que me castram
Quero e preciso falar mais
Tenho sido silêncio

PRA QUEM AINDA NÃO FOI...
VAI ASSISTIR
SOMOS DE FEITOS
Teatro Sérgio Cardoso, quartas e quintas as 21horas
Até 30 de abril.

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