domingo, 28 de setembro de 2008

Onde estão os vivos?

A gente escolhe o que quer ver: o sol ou as nuvens....
Hoje estavamos debatendo um texto do Brecht. Fiquei refletindo sobre a nossa (in) sensibilidade.
Quantas coisas passam diante da gente e não enxergamos por pura cegueira, ou por opção.
Nas ruas, é mais cômodo não enxergar os miseráveis....
Nas esquinas é mais cômodo não ver o garoto fumando craque, passando droga.
É mais cômodo não saber em quem votar por conta do senso comum que diz: nenhum político presta, todos são corruptos.
É mais cômodo acostumar-se com a sua situação de assalariado, que ganha só para pagar as contas do que batalhar por melhores condições.
É mais cômodo dizer: sempre foi assim
É mais cômodo deixar as coisas como estão porque a mudança exige coragem, movimentação, motivo para a ação...
E quantos estão mortos.......
Lembrei de um trecho do filme Sexto Sentido, onde o garoto diz: eu vejo pessoas mortas
Onde? A todo instante.
Acorda!

Memórias que me aquecem


A pastilha cor de rosa

Esse conto surgiu partindo de um trecho do texto "Medo da Eternidade" de Clarice Lispector

Eu caminhava confuso naquela rua escura, mas cheia de neons. Com as mãos no bolso, tateava minhas moedas tentando reconhecer o valor impresso de cada uma delas com o objetivo de conferir quanto dinheiro eu tinha disponível para aquela aventura. Era pouco, mas minha motivação era maior, o que me possibilitou agir em busca do meu objetivo.
Fui subindo a ladeira, saboreando o perfume doce que o vento trazia repleto de vozes macias e aveludadas.
A paisagem, apesar da rua escura, era aos poucos descoberta pelas luzes de néon que revelavam cores fortes e de diferentes texturas, e as curvas que eram desvendadas pelo tecido grudado à pele.
Fiquei ali, parado num canto ao lado de um edifício escondido entre poucas árvores sobreviventes daquela cidade cinza. Na espreita observava com a boca cheia de saliva, sentindo espuma e sangue nos lábios.
E a mais bela de todas as raparigas sorriu para mim com seus lábios rosados.
Por alguns instantes fiquei ali, imóvel, congelado por aquele sorriso de mulher experiente.
Apertei minhas moedas no bolso tentando conferir quanto eu tinha para comprar a passagem daquela aventura. Temi que ela não aceitasse....Fechei os olhos e em silêncio fiz um pedido.
Quando acordei estava ali deitado naquela cama estreita, com cheiro de alfazema no ar.
(...) Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre.(...) E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta (....)

sábado, 6 de setembro de 2008

Novamente sonhei com aranhas....

Dessa vez resolvi escrever.....
Algum psicólogo junguiano porventura poderia me ajudar?
Já perdi a conta de quantos sonhos tive com aranhas
Contudo, a aranha de ontem merece nota no blog: era espetacularmente grande!
Sabe aquela do filme Senhor dos Anéis? Era duas vezes maior!!
O sonho começa assim:
Estou com uma amiga que não vejo há muito tempo, amiga da infância. Pegamos o carro e fomos para o clube de campo em que eu era sócia na adolescência. No sonho eu era adolescente. Não sei por qual motivo, não entramos no clube pelo portão convencional, fomos no portaozinho escondido e enferrujado que fica na lateral.
Abri o portão, ele rangeu. O caminho era gramado, tinha um pouco de grama precisando ser cortada, mais a frente, uma árvore com caule e copas largas. Aproximo e vejo sobre as folhas muitas teias de aranha e vários ovos. Fico ali, distraída e observando os ovos. De repente, quando olho para as minhas pernas, elas estavam amarradas com umas cinco voltas da teia de uma aranha gigante, que me obsera de longe. Como eu tinha uma faquinha em meu bolso, corto a teia e saio correndo. Apareço em outro cenário, no alto de um barranco, cuja paisagem recorda um barranco da infância, onde eu brincava de escorregar com um papelão. Olho para baixo, a aranha gigante está me procurando. Daí em diante eu fujo o sonho inteiro da aranha que corre atrás de mim e nessa aventura, eu corro até por cima dos telhados das casas, corro, corro, corro, não me recordo se a aranha me pega, mas acho que não!
Alguma interpretação?