sexta-feira, 11 de julho de 2008

As máquinas de fazer dinheiro


Hoje estive pela manhã num estabelecimento comercial, especificamente, local que faz exames demissionais e admissionais. Apinhado. Tinha gente saindo pelas janelas!
Então, já que eu tinha que esperar mesmo para fazer o meu exame demissional, e eu não conseguia ler meu livro emocionante do momento (Fenomenologia de um Brasileiro, do Vilém Flusser), por se tratar de um assunto que exige o mínimo de silêncio; me recorri ao Sodoku.
Não é que o negócio distrai mesmo? Meu namorado vivia falando isso e eu não acreditava, até que resolvi vivenciar. É. Vivenciando é diferente!
Fiquei eu lá no Sodoku, e o tempo passou: uma hora e vinte minutos: chamam por meu nome. Eu, completamente relaxada, sigo para a sala do exame segurando o jornal na mão. A doutora, com um gesto que parecia estar mostrando a mão para me cumprimentar. Doce ilusão, o gesto era para pegar a guia do exame que estava na minha mão. Descobri isso quando eu, sorrindo, quis retribuir o aperto de mão enquanto a doutora resmungava: Me dá logo a guia! E olhava no relógio.
A reação foi instantânea, mesmo que eu não quisesse meu corpo esboçou um beiço e houve uma curvatura na coluna. Sim, fiquei triste, ou melhor, frustrada.
Me sentei, guardei o jornal .
A doutora ia me interrogando como máquina, numa velocidade absurdamente velozzzzzzzz
Eu tentava ser simpática, explicar que já tive fratura na mão esquerda e leve protrusão discal na L4,L5...
Ela ia ticando o papel, fazendo o seu checklist, seguindo cronometradamente o roteiro.
Pediu para eu me levantar e fazer umas retroflexões...
Mas doutora, a minha protu.............aíiiiiiiiiiiiii
Pegou o medidor de pressão, EU devia apertar aquela bombinha.
Pensei: Oh, doutora, o trabalho é seu!!
Pra sacanear, fui apertando bemmmmmmm de-va-gar.
A doutora arrancou da minha mão e disse que minha pressão estava ótima.
Ela se despediu mandando eu assinar a guia.
Olhou no relógio.
Passaram-se 5 minutos
PRÓXIMO!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Terça de 8 de julho

As terças feiras têm sido inebriantes....
Cena 1 - Um breve solilóquio

Capítulo Natureza - Vilém Flusser
Provocação: Os homens procuram destruir os montes e os térmitas procuram destruir as casas....


Toca o hino nacional

Entro nua enrolada num pano verde

O texto: Eu sou a filha da mãe, a mãe de todos, a santa bandalha. Vem pra dentro do meu ventre. Penetre em minhas matas como um inseto que vai consumindo a seiva da planta. Aproveite bem e acabe com tudo. Depois você se arrepende, vai na igreja, confessa, reza dois padre nosso, uma ave Maria e teus pecados serão retirados do mundo.Use e abuse, chupe meu sangue e mergulhe em minhas águas sedentas por tua ambição que consome e consome e consome.......


Cena 2 - Texto provocativo: o que falta aqui é a possibilidade de mergulhar a mão na terra viva, fazer com que se derrame entre os dedos e sentir o parentesco íntimo entre homem e terra.
Entro toda de preto, segurando muitos livros na mão, que vão formando um círculo...

Texto:
Quem sou eu em meio a tantas coisas preexistentes?
O que eu represento nesse mundo tão vasto?
Onde está a essência criativa que não vem?
Venho da terra que tem o nome de rio que dá peixes em tupi guarani
Meu pai teve um pequeno comércio, ele consertava equipamentos eletrônicos
Minha mãe era do lar e depois que os filhos cresceram resolveu trabalhar
Me criei na pequena Jundiaí, entre carrinhos de roleman, tobogã de terra vermelha e brincadeiras de esconde-esconde
Será que é por isso que eu me escondo?
Aprecio viver em cidades grandes e cinzentas
Elas fazem com que eu me sinta viva
Em meio a tanta coisa morta
Já fui executiva
Adorava consumir coisas fúteis
Hoje gosto de comprar livros
É meu vício
Também venho tentando ser artista
Semeio pensamentos
E na terra vida espero colher..... prazer?
Estou me procurando
Talvez eu me ache
Agora eu sou tão acaso!
Mas quem não é?
E pedindo licença a Manuel de Barros:
No meu morrer TEM uma dor de árvore.

segunda-feira, 7 de julho de 2008



Escrever [e dançar] é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de memória, como se eu nunca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva.
Clarice Lispector

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O desenho da Lígia

Eu gostei
Daquele desenho
Duas caras
Facetas diante da gente
Deu vontade de chorar
Eu sou busca
Multifacetada

O brasileiro tem essência?

Criaram um selo marca Brasil
Pra falar do orgulho de ser brasileiro, exibindo bandeiras e festas que alienam
Puro invólucro, embalagem bonita
E o que tem lá dentro?
A parte mais interna de uma árvore é o cerne
Dizem que o âmago é a essência
E qual é a essência do brasileiro?
O Flusser diz que somos a mistura de três raças tristes e eu concordo com ele: o negro escravizado, o índio maltratado e o português mal acabado.
Botou-se tudo no liquidificador
Surgiu uma mistura.......
Ou será síntese?
Na mistura os ingredientes perdem parte da sua estrutura
Na síntese os ingredientes são elevados a novo nível
É... deu uma vitamina boa
Quando eu caminho na rua observando o mecanismo sutil de cada coisa
Vejo pessoas brancas, pretas, vermelhas, azuis, amarelas, verdes
Ontem passou por mim um homem verde
Não.... ele estava disfarçado de verde, mas ele era bege
Bem apático
E quantos apáticos não existem por aí?
Putzs, estou procurando a essência....
Só aparece cinza

terça-feira, 1 de julho de 2008

POEMINHA DO CONTRA
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mario Quintana