domingo, 17 de outubro de 2010

"Tenho em mim todos os sonhos do mundo".

De Pessoa, na minha boca.

Estou à procura do indizível....

Caminho sem rumo pelas ruas
Sei o que procuro, mas não encontro
No sonho as mensagens aparecem
Quando eu acordo, fica a lembrança do que foi
Onde está o tesouro?
Já procurei dentro de mim
Aqui há só uma parte
A outra está perdida no infinito
Um dia encontrarei?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Uma manhã na Ilha...

Era uma vez Maria, uma moça menina mulher que gostava de sonhar. Gostava de viver no mundo da lua. Naquele mundo, ela podia inventar as coisas a seu modo.
O céu era sempre estrelado e as noites de lua cheia duravam mais que sete dias. As manhãs amanheciam cheias de graça e o sol tinha um sorriso gorducho. Os pássaros acordavam tocando violino, clarinete, trompete, piano, flauta e brindavam todas as manhãs o novo recomeço.
Uma cortina de voal envolvia a janela do quarto de Maria. Maria dormia com a janela aberta. Tinha esse gosto de acordar ouvindo os pássaros e sentir a brisa da manhã tocar-lhe o rosto. Também gostava de ser acordada pelo beijo de João, que passeava pelas costas nuas de Maria com seu hálito quente com sabor de chocolate. A dança do despertar tinha cheiro de alfazema.
Os corpos se entrelaçavam numa compreensão sutil do espaço e se beijavam como que se cada um deles tivesse fome do outro e precisasse beber-se por completo. O ritmo era lento, pau-sa-do.....e depois, aos poucos, bemmm de-va-gar, caminhavam para uma explosão de sentidos, com uma espécie de violência controlada e a cumplicidade do olhar, que sorria e chorava.
Assim começava o dia.... todos os dias....
Não se cansavam?
Não.
Havia uma espécie de recomeçar, sempre! Eles exercitavam essa idéia de olhar o outro procurando constantemente uma novidade, tentando descobrir algo ainda não revelado. E a cada dia havia uma nova descoberta, um novo amanhecer.