Era uma vez Maria, uma moça menina mulher que gostava de sonhar. Gostava de viver no mundo da lua. Naquele mundo, ela podia inventar as coisas a seu modo.
O céu era sempre estrelado e as noites de lua cheia duravam mais que sete dias. As manhãs amanheciam cheias de graça e o sol tinha um sorriso gorducho. Os pássaros acordavam tocando violino, clarinete, trompete, piano, flauta e brindavam todas as manhãs o novo recomeço.
Uma cortina de voal envolvia a janela do quarto de Maria. Maria dormia com a janela aberta. Tinha esse gosto de acordar ouvindo os pássaros e sentir a brisa da manhã tocar-lhe o rosto. Também gostava de ser acordada pelo beijo de João, que passeava pelas costas nuas de Maria com seu hálito quente com sabor de chocolate. A dança do despertar tinha cheiro de alfazema.
Os corpos se entrelaçavam numa compreensão sutil do espaço e se beijavam como que se cada um deles tivesse fome do outro e precisasse beber-se por completo. O ritmo era lento, pau-sa-do.....e depois, aos poucos, bemmm de-va-gar, caminhavam para uma explosão de sentidos, com uma espécie de violência controlada e a cumplicidade do olhar, que sorria e chorava.
Assim começava o dia.... todos os dias....
Não se cansavam?
Não.
Havia uma espécie de recomeçar, sempre! Eles exercitavam essa idéia de olhar o outro procurando constantemente uma novidade, tentando descobrir algo ainda não revelado. E a cada dia havia uma nova descoberta, um novo amanhecer.